Amo-te e daí? - Iolanda Brazão


Eu tentei.

Tentei não pensar em você.

Quis te esquecer.

Tentei fugir de você.

Tentei não te querer.

Não consegui.

Tentei assim inventar uma ilusão.

Destruir recordações.

Não consegui...

Apenas me iludi.

Sofri.

Pois meu amor é real.

Não é uma paixão de carnaval.

E na tentativa de te esquecer.

Lembrei mais ainda.

Não adianta...

Posso inventar mil mentiras.

Distorcer fatos.

Fingir que não te quero.

Falar o que não sinto.

Mas há uma coisa não posso fazer.

É fácil enganar você.

Difícil é enganar a mim.

Não posso matar o que sinto.

Arrancar-te do meu peito.

Amo-te - Iolanda Brazão


Vou ficar esperando

Contando as horas

Os minutos, segundos,

Que me separam de você.

Vou olhar para o céu,

Contar as estrelas

E assim ver o tempo passar.

Vou ficar aqui esperando

Por este amor.

Vou ficar aguardando

O tempo virar.

O vento mudar de direção.

A maré subir.

O girassol se abrir.

Não me importo qual estação.

Espero-te com coração

Abarrotado de amor.

Não vou chorar.

Vou rir de alegria.

Você é minha magia.

Presente maior encantado,

Minha jóia.

Meu tesouro.

Razão de todo meu amor.

E quando o sol surgir...

Abrirei portas e janelas

E o deixarei para sempre

Entrar na minha vida.

Curar minhas feridas

E ensinar-me como amar.

Não adianta meu amor

Vou ficar aqui a te esperar

Passe o tempo que passar

Estarei aqui

Neste mesmo lugar

Pronta para te amar

Não vou deixar ninguém

Ocupar o seu lugar

Pois meu amor é só seu

E você o amor meu

Amo-te...

E o bailado da vida continua. Enrique de Resende

O final das paixões sem recompensa...
Hoje sou como lago em tarde fria.
Que me restou desta ventura imensa?
- Fantasia de poeta... Fantasia!


Foi-se a última ilusão que me sorria.
Nada ficou. Nem crença. Nem descrença.
Apenas o que vês: Melancolia.
Estagnação de lago. Indiferença.


Não ter nos lábios o calor de um beijo!
A alma deserta. O coração deserto.
Sem um desejo.Sem um só desejo.


Folha-morta! Que fazes pela rua?
- Minha vida finou-se. E, entanto perto,
o bailado da vida continua.


Icoaraci 19/01/1971